Li no blog .txt no site da MTv hoje esse texto e achei incrível. Não incrível por ser sobre um acidente, mas sim por comprar as nossas atitudes e reações sobre fatos cotidianos e acidentes. Então, boa leitura e espero que também
Por que ficamos tão chocados quando cai um avião?
Certamente não é pelo número de vítimas. Basta pensar que dois feriados prolongados provocam o mesmo número de mortes.
Também não acredito que seja apenas pelo horror da situação. Milhares de crianças morrem de fome todos os dias e eu não consigo pensar em imagem mais cruel do que essa.
Obama disse que seu coração está partido e Lula lamentou profundamente. Ora, podemos lamentar ainda mais profundamente os mortos no Afeganistão por conta do uso de "estranhos" armamentos que causam câncer ou a falta de nutrição em boa parte do Brasil, que leva a um número muito maior de mortos todos os dias.
Mas não estou aqui para julgar Lula ou Obama. Eu mesmo, ao receber a notícia, me lembrei que peguei exatamente esse mesmo vôo, no mesmo horário, só que três meses atrás. E passei a acompanhar as notícias e o perfil das vítimas incansavelmente. Por que? Por que estou escrevendo esse post?
Porque ficamos chocados, e isso é um fato.
Mas tenho um palpite do porquê ficamos chocados. Aviões caem muito raramente, é um meio seguro, afinal de contas. Mas ele mata de uma só vez muitos cidadãos de uma classe social que não está acostumada a não ter controle sobre os "perigos" do mundo. Podemos comer quando temos fome. Podemos blindar o carro quando temos medo do assalto. Podemos correr menos nas estradas e verificar os freios na oficina da esquina antes de viajar.
Mas não pilotamos e nem fazemos a manutenção deste gigantesco meio de transporte de "luxo". Quando ele cai, morremos todos juntos, de uma só vez e de uma forma chocante e incompreensível.
Acho que podemos e devemos continuar nos chocando com quedas de avião.
Mas talvez devamos nos chocar mais com a morte de crianças por fome, pra citar um exemplo.
Todos os dias o coração de Obama e Lula estarão partidos. E o nosso também.
por Mauro Bedaque // 02/06/2009 - 12:01
02/06/2009
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