15/02/2010

Não sei!

Certo dia, encontrava-me numa encruzilhada. A dúvida era o ponto alto.
Sentei-me num resto de madeira, que por ali sempre esperava paciente pela chegada do amanha. Na beira daquela via, estava eu, defrontando com a pior situação, que, até então, jamais havia presenciado. Seguir em frente, esquerda volver, à direita dobrar ou retroagir? Não conseguia mover-me, meu corpo era um emaranhado indescritível estranho de amargura, suor, dor, felicidade angustiada dentre outras patologias ainda acobertadas no subconsciente.
De fato, a vida até então não me reservara boas recordações. Minha cabeça não me permite recordar de algum momento recente que eu felicitava, isso por crueldade, fazia-me sentir o ardor daquilo que supostamente propiciei ao próximo. Claro, em outra vida. Não sentia mais os meus pés, eles, ou o que restava, encontravam-se inquietos para terminar logo isso tudo. Nada disso era o suficiente para que meu corpo harmonicamente tomasse uma decisão. Olhava para aquelas opções de caminho, enquanto o sol aparecia tímido despertando de sua longa noite de sono, o mundo completava mais uma volta e menos uma folhinha estava presa no calendário da cozinha. As estrelas iam perdendo o seu brilho, mas isso também não ajudava. Parecia que já se passava um mês ou mais desde que cheguei aqui. Um colibri, figurinha engraçada da natureza, beija platonicamente uma flor que acabara de desabrochar ao meu lado. Então, até agora nada. A minha situação piorava a cada passo que o relógio dava a caminho do futuro, deixando o presente para trás num ciclo vicioso e infinito. Quisera eu, estar num ambiente diferente, longe de uma decisão tão estúpida que até mesmo uma criança tomaria sem exitar. Uma criança que fora recebida neste mundo num berço de ouro, diga-se de passagem. E o caminho continua obliquo, mesmo as teorias mais perfeitas ou até mesmo as descobertas mais inovadoras não me comovem. Tudo parece ser discrepante. O desejo de voltar é iminente. Não penso como poderá ser adiante, mas, para trás eu conheço – e como conheço. Pegarei minhas tralhas e partirei de volta pelo mesmo caminho que me trouxe até aqui, para que quando eu estiver novamente sendo gerado - ou antes disso – consiga entrar várias vezes na fila da “Tomada de decisão” e faça uma caminhada menos dolorosa.
Antes de chegar até aqui, eu tive amigos. Pessoas que foram marcantes. Também tive paixões, consecutivamente tive perdas, passei por ótimos, bons e maus momentos. Sempre desconfiei que isso seria uma variável constante proporcionalmente oposto a tudo de bom que plantei e colhi, como se fosse uma conseqüência triste para todas as minhas recordações e ambições. Quanto mais se conhece pessoas, mais se chora por elas. Fui pego de surpresa várias vezes, pelo notável “Até logo”. O pior disso foi quando meus amigos partiram sem me dar a oportunidade de lhes dizerem um breve “até mais”. Ou quando aquela despedida que seria um “volto logo” ou “te espero daqui a pouco” tormar-se-á um “Adeus”. Sem dúvida ainda é necessário levantar-me e decidir se volto ou pra onde sigo. Daqui a pouco alguém comprará este pedaço de terra em que estou, e, aqui erguerar-se-á uma linda construção. Se demorar por aqui, atrapalharei algo.

por Thiago Otero
...continua....

2 comentários:

Alexandre Lopes disse...

Explicam-se as regras: Siga em frente, marche! Mas quando há caminho, bum, vem muitas escolhas. Retroceder nao é optar por algo, mas é negligenciar as chances. Só ande depressa. Há muitas pessoas nesse mesmo caminho, que não sabe sentar-se e perguntar "precisa de ajuda?". Vida é isso: um emaranhado de questoes que movem cada passo. Bom texto, Thiago Otero. Bom texto...

Alexandre Lopes disse...

Explicam-se as regras: Siga em frente, marche! Mas quando há caminho, bum, vem muitas escolhas. Retroceder nao é optar por algo, mas é negligenciar as chances. Só ande depressa. Há muitas pessoas nesse mesmo caminho, que não sabe sentar-se e perguntar "precisa de ajuda?". Vida é isso: um emaranhado de questoes que movem cada passo. Bom texto, Thiago Otero. Bom texto...